SBP Sociedade Brasileira de Psicologia

O que é psicologia do trânsito?

Fábio de Cristo

Fábio de Cristo *

Os jornais e telejornais frequentemente mostram acidentes e tragédias no trânsito. São motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas que, deliberadamente ou não, comportam-se de maneira perigosa. O que leva as pessoas a fazer barbaridades no trânsito? Este é o desafio de muitos profissionais, dentre eles o psicólogo. Mas, o que é psicologia do trânsito, qual seu trabalho e como se faz isso?

Essa área estuda os comportamentos dos participantes do trânsito e os processos psicológicos associados, considerando ainda os contextos e os lugares específicos onde ocorrem. É uma área simultaneamente de pesquisa e de aplicação. Na pesquisa, produz conhecimentos científicos junto aos indivíduos, aos grupos e às comunidades. Por exemplo, observam e registram comportamentos nas ruas; entrevistam usuários do trânsito; aplicam questionários ou, ainda, pesquisam documentos oficiais e relatórios técnicos para diagnosticar determinada situação; realizam experimentos de campo e de laboratório para estabelecer possíveis relações de causa e efeito, e aplicam testes psicológicos para avaliar características dos futuros motoristas (como a personalidade).

Na aplicação, todas as intervenções do psicólogo do trânsito visam a colaborar com a qualidade de vida das pessoas, ajudando a promover a segurança viária ou o transporte sustentável e democrático. A maioria dos psicólogos do trânsito no Brasil trabalha na avaliação psicológica de motoristas no processo de aquisição da carteira nacional de habilitação, de renovação (no caso dos motoristas profissionais) ou de mudança de categoria. Outras atuações envolvem, em geral, (1) de pesquisas aplicadas, na tentativa de diagnosticar e sugerir medidas para resolver problemas (por exemplo, grupos de pesquisa), (2) de orientação, que inclui a disseminação de informações relevantes sobre problemas do trânsito, buscando mudanças sociais (como cursos de educação, especializações em trânsito, participação em ações políticas e assessoria aos órgãos privados ou públicos) e (3) de tecnologia social, isto é, desenvolvimento de soluções com foco no comportamento (por exemplo, consultoria a empresas de transporte, psicoterapia com foco em pessoas com medo de dirigir ou com estresse pós-traumático decorrente de acidente).

Essa diversidade de ações demonstra que a psicologia do trânsito possui grande relevância social e a sociedade precisará cada vez mais do seu suporte para enfrentar os desafios que o trânsito lhe impõe no século XXI.

* Pesquisador colaborador na UnB, professor no UniCEUB e administrador do Portal de Psicologia do Trânsito (www.portalpsitran.com.br). Autor do livro “Psicologia e trânsito – reflexões para pais, educadores e (futuros) condutores” e coorganizador do livro “Pesquisas sobre comportamento no trânsito” lançado em agosto de 2015

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